Os analistas da Bernstein desmontaram a narrativa de que existe alguma forma de “paridade” na corrida global pela inteligência artificial. Apesar da ideia de que a China compensaria a escassez de chips avançados com um grande excedente de energia, os números contam outra história: os Estados Unidos dominam com folga o indicador mais importante, a expansão efetiva de poder computacional.

Em 2025, os EUA e aliados devem adicionar mais de 25 zettaflops (ZFLOPS) de capacidade em IA. A China, por outro lado, deverá incorporar menos de 1 ZFLOPS.

A diferença tecnológica é gigantesca. A produção doméstica chinesa, estimada em cerca de 1,5 milhão de chips, resultaria em apenas 0,6 ZFLOPS adicionais. Mesmo incluindo as versões mais limitadas de chips da Nvidia e AMD que Pequim ainda consegue importar, o total não chega a 1 ZFLOPS. Enquanto isso, quatro milhões de novos chips Nvidia Blackwell entregarão ao Ocidente cerca de 18 ZFLOPS, número que ultrapassa 25 ZFLOPS quando se somam outros aceleradores.

Embora a China esteja adicionando 16 vezes mais capacidade energética (>500 GW contra 30 GW nos EUA), isso não se traduz em liderança em IA. Os EUA estão construindo mais infraestrutura especializada: 5,3 GW em data centers de alta performance, contra 3,9 GW na China apenas em 2024.

A escassez de chips avançados é tão severa que, mesmo olhando para 2030, a China poderá atingir apenas 19 ZFLOPS, um nível que os EUA deverão ultrapassar já no próximo ano.